quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Resposta da natureza

Dedico esta poetagem sobre os resultados obtido depois de dois meses do curso de agrofloresta ofertado aqui no sítio. Posso dizer que existiu um ganho imensurável, na verdade criamos vínculos com outras pessoas e instituições, o que não há preço que pague. A convivência por apenas três dias com todos os participantes pode tornar questionável o conceito de tempo e espaço. Tempo porque foi muito prazeroso compartilhar um pequeno momento no universo, que para mim ainda esta vivo na memória e no cotidiano, isso significa que os poucos instantes se transformaram em eternidade no meu caso. Espaço, neste caso, tem o mesmo sentido, dividimos o mesmo espaço nos percebendo sem incomodo, imagine quarenta pessoas dividindo dois banheiros, mais um banheiro seco e uma ducha do lado de fora da casa, que não é grande, porém confortável. De fato a maioria das pessoas ficaram acampadas o que aliviou muito o transito da casa. Todavia não tivemos nenhum tipo de problema, no máximo, ter que esperar uma, ou duas, pessoas tomar banho para fazer o mesmo. Sinteticamente, no quesito humanidade nota dez, fizemos novos amigos e reencontramos velhos amigos. O curso intensivo contou com dinâmicas para aproximar as pessoas, todos tiveram que falar, ao menos duas vezes, uma na chegada e outra na saída. Já aqueles que adoram conversar em certos momentos ouviram um pedido de silencio. A melhor hora é a de comer, isso ninguém duvida, chamamos uma amiga que trabalha com comida viva, ela fez lindas saladas e deliciosos pratos quentes,incluindo pães e bolos nos lanchinhos da tarde. Suco vivo todo dia cedo foi de prache, depois ainda tinham as elaboradas receitas de queijos e patês de germinados, além de provarmos leites diferentes, como o de aveia, o de gergelim, entre outros. Até os mais dependentes da carne no prato não reclamaram de passar esses três dias sem ela, ao contrario foi uma nova concepção de alimentação vivenciada sem traumas. A propósito quase todo alimento servido no curso foi de origem orgânica e demos preferencia aos produtores locais, tivemos dificuldade em encontrar alguns ingredientes orgânicos como aveia em flocos, girassol sem casca, cacau em pó, entre outros, os demais fizemos questão de ter uma procedência que respeite o meio ambiente. Agora vamos tratar da receita, digo da viabilidade financeira do SAF (sistema agroflrestal). Logo após o curso tivemos que visitar alguns parentes em uma ocasião especial, o que aproveitamos para visitar amigos e novos lugares, sítios de amigos. Com isso se passou três semanas, que coincidido com o inicio das chuvas, adivinha nossa surpresa quando voltamos aqui para a nossa terrinha, o mato tava batendo na cintura, isso porque sou alto, caso contrario era mó peito. Onde tivemos a prática do curso não foi muito diferente o capim naipe estava da minha altura para mais, algumas branquirias haviam invadido o canteiro e nasceram muitas abóboras que não estavam previstas e nessa altura das chuvas já tinham se espalhado de um canteiro a outro. As abóboras provavelmente vieram junto com o adubo do composto, que é formado pela decomposição do lixo orgânico gerado na cozinha, ou seja não separamos as sementes na ora de jogar na Composteira e quando fomos usar as sementes vieram de brinde. O mato, a braquiária, alguns picão, tiririca e outras ervas devem ter surgido do reboto das raízes e rizomas esquecidos dentro dos canteiros ou por dispersão de sementes pelo vento, não tivemos outra saída se não arrancar as suas raízes na mão ou na inchada. Depois de uma limpa no capim naipe, que foi plantado com o propósito de gerar matéria orgânica, ou seja, massa, volume, de palha, conseguimos visualizar as plantas que resistiram essa super lotação de seus canteiros, o que era para ser colhido com vinte dias eram as rúculas, conseguimos apenas sete maços, pois ficaram muito abafadas, esperávamos colher bem mais, uns trinta. Na agricultura a perda é algo inevitável, as vezes ela pode se dar no campo, por condições climáticas, ou por inviabilidade de lucrar como esta acontecendo com a laranja e o café em nosso pais. Ou ainda a perda pode se dar no ponto de venda devido a perenidade dos produtos da roça. Todavia a perda aqui foi devido a falta de manejo adequado no momento certo, estamos aprendendo com os erros, infelizmente. Após a rúcula tivemos quase cinco quilos de vagem, a vagem foi ofertada na lista de entregas orgânicas a domicilio, vendemos pouco mais de um quilo e meio, o quilo custa sete reais, tirando o frete fica cinco, o restante doamos e comemos. A vagem superou minha expectativa, lembre que ela é leve e volumosa, então enchemos duas sacolas grandes em menos de dez metros quadrados. Depois da vagem era para ser a vez do alface, mas este infelizmente não ficou nem para contar história, contudo a escarola sobreviveu com três exemplares, além destas tem lá ainda couve flor, deu um pouco de pulgão, não sei o porque. Temos milho verde, esse não sofreu com o abafamento, sofreu mais comigo que confundi uns três pés com o capim naipe que é um pouco parecido. Já colhemos uma dúzia de espigas e tem mais duas dúzias para colher. A cenoura deu sinal de vida, mas não por muito tempo. O coentro ficou um exemplar. As mandiocas já estão da minha altura, mas ainda vão levar um tempo para dar flor e mandioca, todavia nenhuma sucumbido. Depois delas Teremos ainda os inhame que estão contentes com tanto adubo no pé. Já os tomates sobreviveram meia dúzia com baixa produção. Contudo as mudas de arvores, que eram o foco do trabalho estão muito bem, sempre com folhas novas e brilhantes, sem doenças ou pragas. De modo geral, na minha avaliação, apesar das perdas ainda estamos no lucro pois só a vagem ou só a mandioca, ou ainda só o milho, pagam os custos da plantação, o que vier pela frente entra como lucro, me refiro as laranjeiras, as abacateiros, arvores pra Madeira como o cedinho, o mogno, os cafés. Estas plantas iriam apresentar lucro após um ou dois anos de produção, ou seja uns seis anos após o plantio. Sem duvida a agrofloresta é o sistemas economicamente mais viável, pelo seu retorno rápido e pela sua diversidade de produtos, o que torna mais segura a lavoura. Ver o campo com três dimensões parece ser o normal, entretanto o agrobusiness vê apenas em duas dimensões, pois trata da espécie por metro quadrado, isto é uma monocultura, em o campo inteiro é igual, chapado, todas as plantas possuem a mesma altura e muitas vezes não otimizam o uso do solo. Pensam estar seguro do melhor aproveitamento por área, usam a formula do gráfico cartesiano de modo erronia, apesar de pegarem o ponto extremo do gráfico. O que o agrobusiness esquece de inferir no gráfico são as outras espécies que atuam juntas, melhorando a produção de ambas, o que os agrônomos chamam de consorcio, isto a agrofloresta leva ao limite, otimizando o espaço aéreo, e do solo, cada espécie ocupa um lugar diferente na biosfera, plantar uma laranja a um palmo de um cedro parece algo no mínimo estranho, contudo a laranja fica baixa e o cedro bem alto, portanto elas ocupam extratos diferentes, a laranja suporta bem a sombra do cedro, alias até prefere um ambiente sombreado.

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